É #FAKE que água rosa identificada em reservatório de Itu tenha a ver com contaminação por metanol
02/10/2025
(Foto: Reprodução) Água rosada em Itú não tem a ver com metanol
g1
Circula nas redes sociais uma publicação dizendo que o reservatório da cidade de Itu, no interior de São Paulo, pode ter sido contaminado por metanol. É #FAKE.
selo fake
g1
🛑 O que diz a publicação?
Publicado no último 30 de setembro no Instagram, onde já teve quase 48 mil curtidas, o post exibe uma imagem com a seguinte legenda: "Água rosa começou a sair das torneias em Itu e a polícia investiga a possível presença de metanol no reservatório". A legenda omite que o metanol não tem cor e não é usado no tratamento de água (veja mais abaixo).
As imagens apresentam uma água de coloração rosa saindo de uma torneira e de um vaso sanitário.
A publicação ainda mostra um texto atribuído ao portal g1: "Uma água com coloração rosa chamou a atenção dos moradores de Itu–SP nesta segunda-feira (29). A Companhia Ituana de Saneamento (CIS) divulgou um alerta a respeito da presença de um produto químico e pediu para que a água seja descartada (...) Conforme a CIS, o produto responsável pela mudança na coloração é usado no tratamento da água, que deve ser descartada".
A publicação ocorre em meio à onda de casos de intoxicação por metanol registrados em cidades do estado de São Paulo -- como Osasco, São Bernardo do Campo e a própria capital. A suspeita é que todos os casos estejam associados à ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas.
O estado de São Paulo registrou 25 casos de contaminação, sendo 18 em investigação e 7 confirmados, além de 6 óbitos, segundo balanço divulgado nesta quarta (1°).
⚠️ Por que ela é falsa?
A legenda mente ao dizer que a coloração rosa pode estar envolvida à presença de metanol no reservatório e que há uma investigação policial sobre isso. Ao Fato ou Fake, a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) disse: "o produto rosa é o permanganato de potássio, que oxida poluentes e trazer mais limpidez à água durante o processo de seu tratamento.
E prossegue: "Essa coloração ocorreu devido a uma instabilidade elétrica que causou, por sua vez, um problema mecânico no reservatório que elevou por curto período a adição do produto para tratamento de água na estação Rancho Grande. A situação já foi normalizada na estação de tratamento e a água".
A companhia de saneamento de Itu também deixou claro que não usa metanol no tratamento da água e a "empresa respeita todos os requisitos de potabilidade estabelecidos pela GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021"
"Não há motivo razoável para tal associação a não ser a ânsia de ganhar audiência em cima de um assunto que está em evidência no noticiário do país. A CIS repudia essa publicação que usa a tragédia alheia para promoção própria, desinformando e levando pânico tanto à população de Itú quanto do estado de São Paulo".
Thiago Carita Correra, docente do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), também classificou a informação da legenda como mentirosa:
"Não é verdade se tratar de metanol, pois ele não daria cor alguma. Caso contrário, bastaria ver essa coloração para indicar sua presença nas bebidas adulteradas".
Toxicidade do metanol
Especialistas consultados pelo g1 lembram que o metanol não altera sabor, cor ou textura; passa despercebido ao paladar e se mistura facilmente tanto em água quanto em álcool etílico (etanol).
A toxicidade do metanol aparece apenas após o fígado processar a substância. No organismo, a enzima álcool desidrogenase (ADH) transforma o metanol em formaldeído, um composto altamente reativo. Em seguida, esse formaldeído é convertido em ácido fórmico, que se acumula no sangue.
É o ácido fórmico o principal vilão da metabolização do metanol. Ele ataca diretamente o nervo óptico, podendo causar cegueira, e compromete órgãos vitais, como rins, pulmões e cérebro.
Infográfico: o impacto do metanol no corpo humano.
Arte/g1
Entre os casos atuais de intoxicação por metanol em São Paulo, há situações de pessoas que consumiram bebidas em bares, mas também de vítimas que compraram bebidas em adegas e consumiram em casa.
Dicas para o consumo seguro de bebidas alcoólicas
Confira as orientações das autoridades em saúde e da polícia, enquanto as investigações estão em andamento:
Exija nota fiscal: sempre peça o comprovante. Ele garante que a bebida veio de um fornecedor legalizado.
Desconfie de preços muito baixos: promoções fora do padrão podem indicar produto adulterado.
Compre apenas em locais de confiança: priorize supermercados, distribuidores ou bares e restaurantes reconhecidos. Evite compras em pontos de venda improvisados.
Atenção às embalagens: lacres quebrados, rótulos mal colados ou informações borradas podem ser sinais de falsificação.
Não reutilize garrafas: ao descartar, quebre ou inutilize as embalagens. Isso evita que sejam reaproveitadas por falsificadores.
Água rosada em Itú não tem a ver com metanol
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